Nome: Antonio dos Passos Jr
Vulgo: Thronn
Idade: 25/06/1965
Tempo de Skate: A eternidade
Profissão: Skater Multi Mídia
Cidade: Los Angeles/CA
Em que época você começou a praticar o skate, como se deu o primeiro contato?
Meu primeiro contato com Sk8 foi aos 7 ou 8 anos de idade. Primeiramente eu vi alguns skatistas descendo as ladeiras da Gávea no Rio de Janeiro. Todas as vezes que vinha da escola eu os via rasgando a ladeira com slides, achei muito curioso, futurista, mas achava que era para caras grandes e mesmo assim ficava me imaginando numa velocidade daquelas. Deveria ser ótimo.
Comecei a praticar e ter um contato físico com Skateborading de verdade quando eu voltei a morar em São Paulo, pois minha mãe a excelentíssima senhora Aracy Sa Barros Limas era cozinheira e empregada doméstica de uma família americana maravilhosa chamada de Família E. Lee. Eu tinha um bom aliado, da minha idade praticamente, o Matheus E. Lee filho dessa família.
Uma das vezes que ele voltou dos Estados Unidos trouxe um skate mas não se adaptou. Eu tentei até me arrentar todo e minha mãe dizia: “tome cuidado menino”, hahahaahahahaahaha.
Quando começou a participar de campeonatos e como foi a sua passagem de amador para profissional?
Meu primeiro campeonato de Skateboarding foi em 1983 na cidade de Guaratinguetá, eu não tive alternativa corri de free style na profissional porque não tinha inscrições para amador, já tinham sido esgotadas. Meu amigos Ibiraboys me incentivaram a me escrever de profissional.
Conquistei um bravo sétimo lugar e ganhei uns prêmios, fiquei muito feliz. Tive o patrocínio de um açougue de carnes que pagou minha passagem e me incentivou muito, O dono do açougue é um grande cara, eu não lembro o nome dele mas tinha visão do esporte para o futuro. Talvez ele hoje seja um senhor que goste de prestigiar uma mega rampa ou qualquer outra modalidade.
O freestyle foi o carro chefe por um tempo, veio o streetstyle e tomou a frente. Sai a técnica e entra a atitude, o que mudou no cenário do skate, seja em campeonatos, demos ou nas sessões entre amigos?
O street veio na hora certa porque as pistas tinham fechado nos Estados Unidos, o Vert tinha morrido, restava Free Style e campeonatos com datas longínquas de vert ou de Free style. Foi aí que eu realmente nasci.
Naturalmente sem pistas muitos skatistas foram para o surf já que vert para todos lembra uma onda de concreto mas outros enxergaram e sacaram o Street Style e começaram a difundir no Brasil.
Meu primeiro ídolo do street foi o Harry Jumonji que executava aéreos 360 no chão sem rampa, aquilo me deixava maluco eu ali ainda fazendo Free Style, que nada vou fazer Street Style. Fui!!
O Mundo já tinha mudado para nós skaters desde que Sex Pistols mandou todo mundo tomar no cú, disse foda-se, eu odeio, sou anti cristo, odeio hippie, anarquia. Isso já vinha da época do Free Style, bandas como Coctel Molotov do Lucio Flávio um Free Styler que era punk rock. O movimento punk tomou força em São Paulo e começou o protesto, polícia batendo nas pessoas, greves, sindicatos começando, skate quebrados, tapas na cara.
Com tudo isso a gente era diferente para uma sociedade de babacas que acredita na Globo e tal mas não mudou nada hoje em dia, você vê só esse Big Brother, o Brasil inteiro ligado. A ignorância é cultural já, hahahaahahahhahahahahaahah.
Juntou essa energia música de protesto com o Skateboard e foi um casamento perfeito, após longos anos que os heavy metals não eram aceitos, depois ouve uma fusão em 83, depois Slayer quebrou tudo com Show No Mercy. Mas também esse tipo de som era underground do metal quase ninguém sabia o que era.
Meu grande amigo Fabio Bolota (Editor da revista Tribo Skate) vivíamos nosso Skate Style como sempre religiosamente, ele todos os meses ia no aeroporto comprar revistas. O Bolota sempre me emprestou suas revistas de Skateboard, eu nunca perdi nenhuma, para nós são mais valiosas que ouro.
Nessa época eu não conhecia ninguém que fosse tão assíduo comprador de Thrasher e TransWorld Skateboarding como Fabio Bolota. Eu tinha uma tinha vasta coleção desde skateboarders de 1976 até 1982 e comprava dezenas de revistas dos pequenos ladrões de banca do centro de São Paulo. As revistas eram caras e eu as trocava por roupas e equipamentos hahahahahahahah.
Como era o mercado de peças e a sua relação com os seus patrocinadores?
Esse negócio de mercado estava indo muito bem até que plano Collor fudeu todos, eu nunca participei da política de comércio do skate, me dá meu dinheiro e sai da frente, quem gosta de cálculos é japonês, eu quero andar de skate.
A minha gangue de skate os Ibiraboys são pessoas muito especiais que se uniram para praticar skateboading no parque do Ibirapuera e todas são de lugares completamente diferentes. Sou de Santo Amoro ZS, Bolota Centro, Pastel Guarulhos, Folha Lapa, Edy Vila Gustavo ZN, Chorão Charlie Brown Jr. Tremembé ZN, Hélio Av. Paulista, Tomy Vila Mariana, Tijolo Santa Cruz, Cecilia Mãe Paulista, Harry Jumonji Parí e por aí vai, então essa galera só se encontrava no final de semana, sábados e domingos mas com tempo foi se intensificando as baladas pela semana a dentro.
Festa em mansões do Murumbi, privadíssimas onde invadíamos pulando muros, ficávamos curtindo a festa e muitas vezes de joelheiras, no final mochilas recheadas de bom vinho, whisky, o que pudesse levar mas nunca nada de valor. Tempo bom os segurança não davam tiros.
Final do anos oitenta eu fui o campeão brasileiro de uma modalidade que colocaria o skateboard numa direção constante. O Street Style apareceu como um protesto dos skatistas americanos que vivem embaixo de muitas leis e juntamente com Punk Rock abriu os olhos de muito gente.
Atitudes do Punk Rock estavam presentes no skateboard estilo de vida e a gente se destacava entre todos os esportes da terra como sendo o único a ter uma relação tão perfeita com música tão vanguardista e com a mudança de comportamento de uma juventude que corria pra mudar o mundo.
Mas na verdade ninguém queria mudar nada a gente queria era viver nossas vidas se pudéssemos a gente mudaria de país, iria viver na Califórnia onde as calçadas são perfeitas sem pedras portuguesas, sol quase ano todo e onde estão nossos ídolos. E poder curtir o skateboard na raiz sem ter que dar aula do que é skate punk e anarquia para ninguém.
Já vimos na música e no cinema que tudo é uma roda de novidades. Como você vê essa onda de nostalgia old school?
Eu acho que ainda temos muito a fazer pela nossa história e resgatar mais fundo, tem gerações antes de mim são meus amigos, tem os mestres Kao Tai, Formiga, Jun Hashimoto, Osmar Fossa, Marcelo Neiva, Cesinha chaves, muita gente.
Eu acho maravilhoso que eles estão resgatando bem na minha parte, eu gosto mas skateboard no Brasil é muito pobre ainda, eu não sei o que dizer para que isso mude um dia mas o que sei é que o alicerce pelo menos esta cada vez mais rígido. Eu acho que aí no Amapá deve ter arquivos de skateboard dos anos 70s isso dever ser catalogado junto história do esporte no Brasil.
O nosso website entrou na fase pública, eu aceito matérias com fotos, vídeos de acontecimentos de skate no seu estado ou cidade.
A gente faz por obrigação da alma porque não temos apoio de patrocinadores, quando tento pedir algo, ele ficam chorando e dizem que estão ferrados e se lamentam choram, ladainha cara. Esse tipo de atitude que está empobrecendo skate no Brasil. Me parece que os velhos lobos não reciclam suas ideias e principalmente sobre internet existe uma lacuna enorme, ontem tentei achar preços de camisetas na net e foi uma canseira.
Deixe um recado para os skatistas Amapaenses.
1 sementes:
foto com jay adams, queria uma ahahahahaha
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