Skate no Amapá:

Em cima: Erick, Marcelo Vampiro, Diamond Cupim, Aline e Clênio.
Em pé: Maxwel, Ronaldo, Patrick, Ceará, Kookimoto, Pablo, Antônio Malária e Junior R.
Sentados: Quinho, Cidinho, Walcley, Manel, Fabão e Moisés.
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80´s
Não dá para especificar uma data, mas por volta de 86 um grupo de garotos se encontrava nas imediações dos bairros Central e Jesus de Nazaré, para se divertir, pois todos tinham uma coisa em comum, praticavam o skate... Dentre um grupo de uns 20 (vinte) jovens se destacavam Luíz André “Lula”, Jeová “Cerveja”, Neto “Tibúrcio”, João “Cadeira” e Rogério “Louro”.

O auge dessa época se deu com a montagem de um Half-Pipe na casa do Lula, localizado atrás da antiga COBAL (hoje SEBRAE), e foi confeccionado pelo seu pai, mais conhecido como o Mestre (in memorian). Infelizmente devido a desavenças ocorridas com as autoridades responsáveis pela urbanização da cidade o Half-Pipe foi desmontado dando lugar a uma jump-ramp que saciava um pouco a saudade de todos pela sua irmã maior.

O mercado amapaense esportivo era escasso, existia a loja Palácio dos Esportes, que por sinal salvou a vida de vários desportistas locais, mas não a dos skatistas esses tinham que aproveitar a viagens em família para comprar peças e tênis para skate. Um exemplo desse tipo de comércio era que quando alguém iria para Belém/PA era obrigatória uma ida até a loja Beijorie (é assim que se escreve?) e comprar as peças “encomendadas”.

Na mesma linha seguiram com as influências musicais, as fitas K7´s eram extremamente disputadas, bandas punks do naipe dos Ramones, TSOL, Sex Pistols e até bandas alegres tais como The Smiths e The Cury. Houve ameaças a juventude alheia com proliferação iminente das boates como Flagras, Baby Doll, Marco Zero e Babilônia, mas a geração 80´s do skateboard amapaense foi salva (em termos).

Hoje em dia poucos deles têm contato com o esporte e a maioria tem suas próprias famílias e obrigações com o capitalismo_babilônico_do_contra-cheque_do_poder_público. Eles são políticos, médicos, empresários, engenheiros, garçons, taxistas e etc. Posso afirmar que as suas experiências com o skate os levaram a serem pessoas melhores, pois não me lembro de nenhum que tenha passado pro lado obscuro da força!

É muita gente pra lembrar, mas foi em um campeonato da Na Base Skateshop.

90´s
Podemos separar os 90´s em duas gerações os que pegaram a rebarba dos 80´s e os que nasceram no skate a partir de 98. Analisando os 80´s cheguei à seguinte conclusão: levando em consideração que eles se encontravam para praticar o skate no centro de Macapá, muitos moravam em bairros distintos o que dificultava a mobilização dos jovens para uma praça ou rua da cidade. Sendo assim esses jovens não saiam de sua rua ou bairro, levando a montar grupos e em alguns bairros gangues.

Existiu uma fase sombria na história do skateboard amapaense, ocorria que ninguém se falava, skatista de um bairro não passava para outro, muito menos ir para Santana e vice-versa, violência como roubos e espancamentos eram corriqueiros.

Vamos falar das “galeras”, tinha um pessoal ali na av. FAB, na altura da piscina Olímpica, eram os Alva Boys (risos), Ronaldo “Som”, Antônio “Malária”, Rogério “Louro”. “Eles eram PHoda, eles”, era assim que as pessoas iriam falar deles hoje em dia, cheguei a fazer umas sessions com eles apesar dos olhares de desconfiança (eu era uma criança inocente). Seguindo a mais a diante chegamos ao Poeirão (casarão e o campo de futebol), lá tinha uma galera própria, destacam-se Marcelo “Osga” e Eduardo “Barata”, mas também tinha uma concentração enorme de marginalidade, os assaltos eram constantes um olho na rua e outro no skate. No bairro do Laguinho quem comandava eram os skatistas Alessandre “Caitinha” e Junior “Ramone” o setor (risos) deles era o que tinha os melhores picos. O Buritizal foi o bairro que mais inovava em termos de manobras tinha o Molico (lutador de vale-tudo), Buba, os irmãos Dione “Pato” (street) e João “Cadeira” (freestyle), queria ver manobra nova era com eles.

Com a popularidade do skate algumas lojas meteram a cara no mundo do skateboard, algumas eram a LM novidades (rodas sabão e bilhas), Norton Surf (roupas e shapes), Porta do Sol (roupas e acessórios), Clarck (tênis) e até a oitentista Palácio dos Esportes (tênis e acessórios), mas a loja que acreditou no esporte foi a New Fashion (só tinha tudo), essa trouxe materiais nacionais e gringos e nunca faltavam opções de peças boas por lá. Um gesto de confiança no mercado e nos praticantes que lembro foi o patrocínio dado pelo dono da New Fashion (Luiz) para o nosso amigo Ronaldo “Som”, com as rodas Bullet´s 66mm 95a, se rolou outros materiais não lembro, mas só pelas rodas já valeu o incentivo.

Houve a crise brasileira, devido ao presidente Collor fucki´nshit, colocado no poder pelas mãos da massa burra brasileira (toda massa é burra, a história é testemunha). Com essa crise empresas fecharam, famílias faliram e em conseqüência o incentivo ao esporte, foi uma fase PHoda, alguns viciados e apaixonados continuaram apesar da escassez de peças. Foi um período que outros esportes foram apresentados a sociedade, o exemplo mais forte foi o patins in-line, que se espalhou como uma gripe H1N1.

Chegamos em 96, à economia brasileira estava em processo de estabilização com a URV para o REAL, incentivos fiscais ajudaram o esporte a se reerguer.

Em 98 tivemos uma revolução com a construção do estacionamento do Banco do Brasil, é incalculável o retorno para o skate, dentre os destaques locais tínhamos Clênio, Edriçy, Patrickinho, Kookimoto, Walcley, os Kid´s, galera do Perpétuo Socorro e a galera de Santana.

No alto e no fundão: Janjão, Walcley, Fabão e Marlon.
Em pé: Osga, Ricardo, Chaves. Berg, Rodrigo, Marcelão, Jamille, Antônio,
Cabral, Patrick, Wander, kookimoto, Tássio e Anderson.
Sentados: Junior R, Ronielson, Igor Gurí, Rodrigo Latino, Kokada, Ronaldo e Ferdinando.

2000´s
No começo de 2000 tivemos o primeiro campeonato do Estado organizado pelo skatista James Nelson, esse rendeu mais dois campeonatos seguintes elevando em muito a qualidade e a imagem do skate amapaense.

Mas como tudo que é bom acaba rápido, com o processo da Fortaleza de São José de Macapá para passar a ser patrimônio humanidade pela UNESCO, descobriram que a área ao redor fazia parte da Fortaleza, com isso desapropriaram a área e já era a pista. Os órfãos da pista seguiram para a praça Floriano Peixoto, onde encontraram uma quadra perfeita para evoluir bastante e de lá naturalmente migraram para a praça da Conceição, lugar onde podemos presenciar a união dos skatistas, que vinham de todo o Estado para poder fazer sessions juntos, com obstáculos doados por vários deles, o lugar virou uma verdadeira skate park.

A odisséia pelos bairros ainda continua, e também um fenômeno novo que foi a construção de skate parks nas praças novas, a primeira foi no Novo Horizonte, depois por ordem, Fazendinha, Santana e Santa Inês. Se a pista do Estacionamento foi um marco do final dos 90´s, a skate park do Santa Inês foi uma escola para uma nova geração de skatistas (new kids switchstance generation), esses que já vinham pulando de praça em praça, mas quando tiveram a oportunidade de utilizar obstáculos foi visível a evolução deles. Alguns dos skatista que evoluiram alia foram o Baratieiro, Rafael, Nitai, Lucas, Pitchula, Rodrigo Chaves, Latino, Cabral, Ferdinando e outros.

Pelo mercado tivemos várias boas notícias, o skatista Marcio “Kokada” com a sua esposa Poliana inauguram a Na Base Skateshop em 2006, onde com muita força de vontade organizou vários campeonatos onde atletas de outros Estados tiveram a oportunidade de conhecer o Amapá, e que levou nosso Estado a ser capa da revista Tribo Skate.

Chegando em 2010 tivemos o campeonato Skate é na Rua, organizado pela Na Base Skateshop, um evento diferenciado em sistema de sessions em que os atletas tinham que encarar um gap com bordas e um corrimão.

Bem, esse foi um resumo do grosso do skateboard amapaense.